Mais de mil pessoas já aderiram ao movimento no Facebook que exige a colocação imediata do relvado sintético no campo de Valado dos Frades, que servirá a Biblioteca, único clube da Divisão de Honra distrital de futebol que joga em pelado. Em Alcobaça, a Direcção do Ginásio desespera por um novo sintético e coloca no ar o cenário de demissão se não for encontrada uma solução no curto prazo. Estes são dois exemplos, mas há mais clubes que reclamam a colocação de um piso artificial nos seus campos e as razões são simples: ao contrário dos relvados naturais, os sintéticos significam poupanças de milhares de euros por ano, além de permitirem uma maior utilização, facilitando a logística e a organização dos clubes.
No Beneditense as contas são muito simples: a substituição do relvado natural do Parque de Jogos Fonte da Senhora por um sintético resulta numa poupança anual “superior a 25 mil euros”, porque o clube tinha três funcionários para tratar do antigo piso, além de todo o material necessário. “A nível mensal o sintético não tem custos, porque apenas precisa de uma rega ocasional e, para isso, aproveitamos a água da Fonte da Senhora”, explica o presidente Luís Lopes, salientando que o único custo fixo tem que ver com a manutenção anual, que orçará entre os 3 a 4 mil euros.
A maior transformação surgiu, contudo, na organização do futebol juvenil, cujos 300 atletas deixaram de estar espalhados pelos campos do Vimeiro, Santana e da Tave, passando as 14 equipas a treinar no mesmo recinto. “Há muito que esta medida era necessária, até porque tínhamos os nossos jovens a praticar desporto em condições precárias. Se pedimos mensalidades aos pais, temos de retribuir em termos de infra-estruturas”, justifica o dirigente, que diz “desejar que a Câmara de Alcobaça consiga servir todos os outros clubes do concelho”, tal como fez na Benedita, onde investiu no último Verão cerca de 300 mil euros.
Na sede do concelho há quem espere e desespere por uma solução semelhante. O Ginásio tem três centenas de atletas, mas as suas 13 equipas estão dispersas entre o Estádio Municipal e o Campo do Pinhal Fanheiro, onde também está instalada a Urba. “Por mês gastamos cerca de 700 euros de gasóleo, fora o desgaste das carrinhas”, revela o vice-presidente do clube, Fernando Coelho, assinalando que quem assegura as deslocações dos atletas “são os treinadores”.
“A Câmara sabe que precisamos com muita urgência de um outro espaço. Dizem que estão a tratar, mas o presidente Paulo Inácio parece um pouco irreversível”, sustenta o dirigente, referindo-se ao facto de o autarca pretender manter um relvado natural na sede do concelho, opondo-se à substituição, como sucedeu na Benedita, daquele piso por um sintético.
No entender de Fernando Coelho, o que está em causa é “uma questão de investimento”. “O relvado natural do Estádio já deu o que tinha a dar e a colocação de um novo custa 200 mil euros, ou seja, pouco menos que um relvado sintético”, refere o histórico dirigente dos azuis, que reconhece que o clube “perde atletas todos os meses”, por ser incapaz de competir com outros emblemas da região e do distrito. “Temos jogadores que saem, porque encontram clubes com melhores condições do que as nossas. Perdemos recentemente três atletas para o Marinhense por causa de não termos um sintético”, explica o vice-presidente, que considera que Alcobaça, “que tinha algum privilégio nas camadas jovens, está a ser ultrapassada”.
A falta de um sintético que permita reunir no mesmo espaço todas as equipas já esteve, de resto, na origem da saída do anterior presidente do clube. Armando Bragança apresentou diversas propostas, mas nunca recebeu o ‘sim’ da Câmara e bateu com a porta. Fernando Coelho já não está pelos ajustes: “Ou nos arranjam um terreno dentro de Alcobaça e o mais rápido possível ou não será possível continuar a trabalhar desta forma. Temos mais um ano de mandato para cumprir, mas admitimos pedir a demissão”.
Em tempos de grave crise económica, o que parece estar em causa é a própria sobrevivência dos clubes e, por outro lado, o reforço no futebol de formação. E há quem lute com armas desiguais.
No concelho de Alcobaça, Urba, Alfeizerense, Concha Azul e U. Turquel têm vindo a intensificar a aposta nas camadas jovens, mas sentem maiores dificuldades de recrutamento de jogadores por ainda jogarem em pelados e em campos “à antiga”. O mesmo sucede com a Biblioteca, no concelho da Nazaré, cuja promessa de construção de um novo parque de jogos, na futura Área de Localização Empresarial de Valado dos Frades, tem sido sucessivamente repetida.
A região dispõe de cinco relvados naturais. Além dos Estádios Municipais de Alcobaça e Nazaré, a Quinta do Pinheiro, em Valado dos Frades, tem dois campos, onde jogam as equipas da Escola do Benfica e clubes nacionais e estrangeiros que ali estagiam. E ainda há o campo da Tave, na Benedita. Sintéticos apenas existem no campo nº 2 da Nazaré, no Fonte da Senhora (Benedita) e no Campo da Floresta (Pataias), este último instalado em 2005, depois de anos em que a Câmara de Alcobaça projectou um novo complexo desportivo para a vila. É caso para perguntar: será tudo apenas uma questão de vontade política?
Joaquim Paulo - Região de Cister
Não concordo com alguns pontos expostos nesta entrevista. Um relvado sintético não pode ser mantido apenas "com uma rega ocasional", isso é o que fazem em grande parte dos sitéticos e que depois acabam por ficar de tal forma deteriorados que a única solução é colocar um novo, o que se torna 3 a 4 vezes mais dispendioso que um relvado natural. Um sintético para se manter em boas condições tem que ser "penteado" com uma máquina própria e deve receber borracha nova com alguma frequência, por isso a manutenção destas infraestruturas não é assim tão simples e barata como querem fazer crer. Por outro lado, a frequência com que existem lesões relativamente graves relacionadas com este tipo de piso é bastante superior, principalmente a nivel tendinoso e articular.
ResponderEliminarPenso também que a aquisição de um relvado natural não chega nem de perto nem de longe aos tais 200 mil euros falados na entrevista. Acredito que os sintéticos tragam algumas vantagens no campo da formação, tendo em conta o espaço que alguns clubes têm disponivel para construir as suas instalações, mas estou 100% certo ao afirmar que o futuro do futebol não passa por relvados sintéticos, até porque a FIFA já se pronunciou sobre isso.
Se quiserem confirmar o que digo, basta inquirir os jogadores do distrito sobre qual a sua preferência: Prefere jogar/treinar em relvado natural, ou num relvado sitético?
Penso que a esmagadora maioria prefere um relvado natural.
P.S.: Não tenho nada a ver com empresas de sementes ou de materiais de rega, apenas sou um jogador senior de uma divisão nacional, que prefere jogar num bom pelado com boas dimensões do que num sitético (mas isto sou só eu que já ando nisto há muito tempo).
Atenção que os relvados naturais da região referidos, por iniciativa de municípios são apenas 3, já que os da quinta do pinheiro são de uma entidade privada!
ResponderEliminarReferes-te às indicações da FIFA, que passa a ideia do relvado natural mas nesta altura parece-me claro que o relvado sintético é a melhor opção mesmo sabendo que provoca mais e piores lesões nos jogadores.
ResponderEliminarNota também que estes clubes são de dimensão regional, de poucos recursos e não terão a intenção de subir as suas equipas até ao topo do futebol português e portanto as indicações da FIFA de pouco ou nada valerão!
Concordo em pleno com o ultimo comentario
ResponderEliminarAtenção que o facto da relva sintética provocar mais lesões está por provar e os estudos que se debruçam sobre tal matéria apontam no sentido de não haver mais lesões neste tipo de relva.Gostar mais de jogar em relva natural é uma evidência mas num ferrari sé entram 2 e num autocarro entram 40.Simples como água.Verdade que a manutenção de um sintéico feita como deve ser não é tão barata assim...
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