quinta-feira, outubro 17, 2019

Presidente da AF Leiria lamenta falta de apoio ao futebol distrital

O desempenho económico do escalão distrital da Associação de Futebol de Leiria (AFL) na temporada 2012/13 rondou oito milhões de euros, revela o livro elaborado pelo presidente do organismo, que é apresentado hoje.
"Na altura tínhamos 134 clubes, 688 equipas e 10.354 praticantes e todo aquele movimento durante o ano gerou um volume de negócios de oito milhões de euros, dos quais 1,5 representam impostos para o Estado. Em contrapartida, o financiamento directo do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) não foi proporcional e até existem outras associações bastante mais fortes que a nossa", explicou Manuel Nunes à Lusa.
Na área de jurisdição da AFL, o dirigente nota que cada euro de apoio estatal à prática federada do futebol amador significou 317 euros de despesa directa na economia do distrito leiriense, o que reflecte "a falta de investimento nesta área e um erro estratégico grave do ponto de vista político, técnico e desportivo".
"Portugal tem cerca de 200.000 futebolistas e só 5.000 são profissionais. Queremos chamar a atenção para a importância de um outro mundo do futebol, que mexe com milhões de pessoas e concentra muitos pequenos clubes por todo o país, que têm desempenhado um trabalho excepcional, mas precisam de resolver problemas", considerou.
As conclusões advêm do livro ‘O Valor Económico do Futebol Distrital’, que dá continuidade a um estudo introdutório executado em 2007/08 e procura adicionar uma nova camada de conhecimentos e experiências para fomentar o debate das dificuldades estruturais da modalidade, que "continuam na moda" sete épocas depois.
Entre os assuntos a resolver, Manuel Nunes destaca a necessidade de campos relvados sintéticos e o decréscimo do custo anual de inscrição de equipas, que se fixou em 1.032 euros no escalão sénior masculino em 2012/13.
"A maioria dos clubes tem entre 15 e 20 equipas e um ou dois campos para treinar. A inscrição na associação ou na federação nem é muito cara, mas as exigências legais obrigam-nos a fazer um seguro por cada atleta no início da época, com um valor muito elevado para a realidade nacional", referiu.
Além do impacto económico estimado a nível distrital, Manuel Nunes frisa ainda o número de postos de trabalho criados através do futebol amador e a existência de directores que participam "de forma benévola" no trabalho dos clubes, sem retirar vantagens. "Devia haver um estatuto do agente desportivo benévolo, com apoio em termos de bonificação do IRS ou para efeitos de reforma. O agente benévolo está a acabar e já deu muito de si ao Estado", defendeu.
Encarando a prática federada do futebol como um factor gerador de riqueza para o distrito, o presidente da AFL lamentou a manutenção do IVA a 23% na aquisição de material e equipamentos e nos bilhetes dos espectáculos desportivos face a outras actividades.
O dirigente recordou também a omissão do debate sobre políticas desportivas no período pré-eleitoral, bem como a manutenção do modelo do desporto escolar e do "papel insuficiente" da educação física na saúde das populações jovens.
O livro vai ser apresentado hoje por Manuel Nunes, às 18h30, no Espaço Ó, no âmbito do Festival Literário Internacional de Óbidos. A sessão contará com presenças de Vítor Pataco, presidente do IPDJ, Júlio Vieira, director da Federação Portuguesa de Futebol, e Margarida Reis, vereadora da Câmara Municipal de Óbidos.|

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pense duas vezes antes de comentar.
Moderação e bom senso é o que se pede!
Difamações e picardias valerá apena?

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails

Wook