quinta-feira, outubro 07, 2021

Memórias de quando o primodivisonário Ginásio de Alcobaça travou o Benfica


 O Portimonense travou no domingo, na Luz, o melhor arranque do Benfica desde a temporada 1982/83, altura em que a equipa de Sven-Göran Eriksson ganhou as 11 primeiras jornadas do campeonato e foi empatar ao Municipal de Alcobaça. Em entrevista à Tribuna Expresso, José Romão, o capitão de equipa do Ginásio de Alcobaça, recorda aquele dia em que houve festa na cidade de Alcobaça como na subida de divisão.
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Lembra-se daquela semana antes do jogo com o Benfica?
Foi uma semana um pouco atribulada. Lembro-me que o senhor Orlando Moreira, que era o treinador, saiu. Houve aquilo a que se chama uma chicotada psicológica. Depois, quem é que ia ser o treinador? Punha-se essa questão e era a situação que corria de boca em boca. Por bem, deixou-se que o adjunto naquela altura, o Edmundo Duarte, continuasse à frente da equipa. E assim foi, uma semana atribulada. Mas o Edmundo observou o Benfica, nós conhecíamos o Benfica, que estava a fazer estragos no campeonato [risos] e preparámos algumas coisas. Nós também tínhamos, pensávamos nós, uma pequena vantagem que poderia jogar a nosso favor — talvez só isso jogasse a nosso favor —, que era o [campo] pelado. Falámos muito entre nós, chegámos à conclusão que eram apenas 90 minutos e em 90 minutos tudo podia acontecer. Foi com esse espírito que encarámos o jogo e ficámos todos com a consciência tranquila, porque de facto o futebol, de vez em quando, dá estes presentes às equipas pequenas.
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Ainda por cima, chegavam ali sem qualquer vitória.
É verdade, e continuámos. Havia uma décalage... O Benfica vinha imbatível, a jogar um futebol que triturava o adversário. Nós éramos os últimos e continuámos a ser os últimos, não é?, mas tem pouco a ver com 90 minutos. A cor das camisolas, o tempo, se é primeiro, se é último, o futebol tem-nos ensinado sempre que o que importa é aquela realidade concreta, aquele momento de 90 minutos. E assim foi. O Benfica entrou muito forte no jogo, mas não conseguiu, apesar de dominar intensamente, como devia ser a sua estratégia, fazer golos nos primeiros minutos. O jogo foi-se arrastando e só perto do intervalo é que o Benfica fez o 1-0.
Na segunda parte, entrámos mais intensos e depois, nos últimos 15, 20 minutos, equilibramos o jogo, tornámo-nos uma equipa muito mais ameaçadora para o Benfica. E veio a acontecer, veio a acontecer, no último minuto, numa situação em que o Benfica estava desorganizado, parece-me que após um pontapé de canto. Fizemos um contra-ataque através do Cavungi, que era um dos nossos avançados a jogar pela esquerda; depois, o Nelito, outro avançado que tínhamos, acabou por rematar e fazer o 1-1. Imediatamente a seguir a este lance, tivemos hipótese de ganhar o jogo, pelo João Cabral. Isto para dizer o quê? Foi aquilo que prevíamos, era um David contra Golias, sem sombra de dúvidas. Depois foi uma festa danada e um oxigénio enorme para nós, para os jogos que vieram, até em termos de treinador, as coisas ficaram mais tranquilas. O Edmundo Duarte continuou. Não deixámos de partir muito atrasados em relação aos outros, o nosso início de época foi atribulado, um pouco desorganizado para quem ia disputar um campeonato com a responsabilidade que era o Campeonato Nacional da 1.ª Divisão Portuguesa.
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Falou em pelado…?
[risos] Era pelado, era pelado.
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Com aquelas feras todas do outro lado.
Oh, pá, você veja bem, deixe-me lá situar bem. O Benfica tinha um meio-campo de sonho: Carlos Manuel, [João] Alves, Diamantino, Chalana e depois [vai-se rindo] penso que jogou com Filipovic e Nené na frente. Veja bem. Claro que não é a mesma [do que jogar na relva] para o Chalana, Diamantino, Carlos Manuel... Nós treinávamos ali, jogávamos ali, todos os dias. O que valeu nesse dia, recordo, foi uma força de vontade e um desejo enorme de superação de fazer um jogo diferente com o Benfica. E acreditar. Veja, se olhar para a equipa, nós apresentámos um 4-4-2 sem grandes preocupações. No centro do terreno joguei eu com o Jorge Oliveira, na esquerda era o Cavungi, na direita era um rapaz que tínhamos, um jogador que era bom, o Lelo, que tinha vindo do Juventude de Évora; na frente era o João Cabral e o Nelito; tínhamos um guarda-redes que se portou muito bem nesse dia, um bom guarda-redes, o Domingos; lá atrás, na esquerda, era o Alfredo, tinha sido meu colega no Vitória de Guimarães, no lado direito era o Modas, que era o jogador polivalente que tínhamos na nossa equipa, tanto jogava a lateral como no centro do terreno, e bem, e bem; os nossos centrais é que às vezes variavam, jogava o Varela, outras vezes o Germano, o Russo..
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Nesse jogo foi Germano e Russo.
Pois. Mesmo no intervalo, quando estávamos a perder 1-0, e depois de sentirmos que havia uma inspiração em alguns dos nossos jogadores e que a equipa estava a aguentar a pressão do Benfica, sem criar muitas brechas, sentimos que poderíamos tentar mais. E conseguimos. O futebol tem estas coisas. Hoje podíamos contar outra história, mas essa foi a história do jogo. O Benfica foi, de facto, muito superior, mas essa superioridade e os mais remates, mais ataques, não ganham jogos, o que conta é a qualidade dos remates e a eficácia. E fomos eficazes, tivemos a felicidade de ser eficazes no remate do Nelito.
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Houve festa em Alcobaça?
Ui, foi uma festa à semelhança da que tinha sido na subida. Tínhamos feito um percurso na II Divisão muito bom. Fizemos um campeonato muito forte, era uma equipa muito madura. Depois, essa transição para a I Divisão devia ter continuado porque a equipa era boa e tivemos algumas demonstrações disso, principalmente nas meias-finais da Taça com o Sporting, que perdemos em Alvalade por 2-1, mas com grande susto para o Sporting. Essa equipa, depois, desmembrou-se e foi pena, porque o Ginásio, se tivesse continuado com essa equipa, com a maioria desses jogadores, poderia ter feito, digo eu, um campeonato diferente. Mas foi uma festa, teve paralelo com esse dia do Benfica. O estádio estava muito bem-composto. Apesar de estarmos em dezembro, foi um dia e uma festa bonitos, porque os pequenos também têm essas emoções e alegrias, e esse dia, apesar de ser um empate, foi um empate com sabor a vitória. Não podemos esquecer que o Benfica estava imbatível, vinha com uma dinâmica extraordinária, como agora. Agora foi a oitava jornada, mas naquela altura jogávamos a 12.ª jornada. Parece-me que depois, no jogo para as competições europeias, o Benfica ganhou por uma margem dilatada ao adversário da altura [4-0 Zurique], por isso, quase que diria, fomos uma pedrada no charco ali. Vá lá, dos fracos não reza a história, mas nesse dia fizemos um pouco de história [risos].
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A época não acabou bem com a descida de divisão. Foi uma grande desilusão?
Quando a época começou, tivemos a perceção de que íamos sofrer, mas que iríamos sofrer muito mais pela forma como estava feito o planeamento. Começámos a época ao pé-coxinho. Na altura, também tínhamos problemas salariais. Foi um ano muito difícil, muito difícil para toda a gente, para dirigentes, para nós... Depois, melhorámos a qualidade do jogo evidentemente, começámos a ganhar, fizemos um lançamento de um jovem jogador que se tornou num bom avançado, o Reinaldo, que acabou por ir para a Académica. As coisas melhoraram e a jogar com outra desenvoltura, mas partimos muito atrás. Foi uma tristeza enorme, mas as coisas são assim. Não nos acautelámos devidamente antes de começar o campeonato.

in Tribuna Expresso

Mapa semanal de castigos

 

Seniores
1 jogo: Marco Monteiro (UR Mirense), Tiago Neto (UD Serra), João Ferreira (GD Guiense), Luís Carvalheiro (Almagreira)
Suspensões: Diogo Fernandes (AC Marinhense B / 8 dias), Emanuel Bragança (Academia CCMI / 8 dias)
Multas: Diogo Fernandes (AC Marinhense B / 10 €), CD Caranguejeira (20 €), Emanuel Bragança (Academia CCMI / 10 €), GD Peso (20 €)

sexta-feira, outubro 01, 2021

Paulo Ferrás nomeado para o AD Portomosense - UR Mirense


 Divisão de Honra / Seniores
GC Alcobaça - SCE Bombarralense (Henrique Querido)
SC Pombal - GD Guiense (Joana Rodrigues)
GD "Os Nazarenos" - AR Meirinha (Felipe Mendes)
Moita do Boi - ID Vieirense (Nélson Severiano)
AD Portomosense - UR Mirense (Paulo Ferrás)
GD Alvaiázere - SCL Marrazes (Gonçalo Gomes)
UD Serra - AC Marinhense B (Diogo Amado)
GAU/Bajouca - CCR Alqueidão da Serra (Eduardo Brites)
SCE Bombarralense - SC Pombal (Rafael Marques)
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1.ª Divisão Distrital - Série A / Seniores
Sport Castanheira de Pêra - GD Pelariga (Tomé Pires)
Recreio Pedroguense - AC Avelarense (Henrique Querido)
AD Figueiró dos Vinhos - CC Ansião (Taras Khrobatyn)
ACD Caseirinhos - Lusitano Chão Couce (Miguel Rebelo)
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1.ª Divisão Distrital - Série B / Seniores
Motor Clube - Almagreira (Ricardo Nobre)
GD Ilha - UDRC Matamourisca (Rafael Marques)
GDR Bidoeirense - AC Carnide (Rafael Jorge)
ARCUDA - GD Santo Amaro (Joana Rodrigues)
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1.ª Divisão Distrital - Série C / Seniores
GDRC Unidos - UD Serra B (Nélson Severiano)
ACR Maceirinha - CD Caranguejeira (Paulo Silva)
Academia CCMI - SL Marinha (Leandro Pereira)
GRAP - GDR Boavista (Emanuel Cardoso)
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1.ª Divisão Distrital - Série D / Seniores
Caldas SC B - GD Peso (Felipe Mendes)
CD Pataiense - GD Peniche B (António Lopes)
GD Atouguiense - AD Portomosense B (Henrique Brites)
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