A propósito dos 75 anos do Sport Clube Leiria e Marrazes, o Jornal de Leiria na sua edição de 1 de Dezembro, publicou um suplemento dedicado ao clube e onde está em destaque uma entrevista com o presidente Paulo Rabaça. O Blog SCL Marrazes Jovem, deu-se ao "trabalho" de transcrever o mesmo e assim, o FD Leiria aproveita e publica o mesmo, agradecendo o trabalho, quer do Jornal de Leiria, quer do Blog SCL Marrazes Jovem.
Jornal de Leiria - Está há seis meses no cargo de presidente. Como é que encontrou SCLM ?
Paulo Rabaça - Vivo, o que é bom. Com vontade de se modernizar, mas também com alguns problemas. No entanto, aquilo que de positivo encontrei supera as dificuldades que existem.
JL - Quais são esses problemas com que se deparou ?
PR- A organização interna, que não se muda de um dia para o outro e as dificuldades financeiras que encontrámos e que estamos pouco a pouco a superar.
Devagarinho estamos a cumprir com os compromissos que estavam assumidos. Por outro lado, temos de fazer um esforço imenso de agregação, já que muita gente se distanciou do clube. É um trabalho mais difícil de fazer porque depende de muitos pormenores e que se resolveria mais facilmente se o SCLM tivesse um conjunto de infraestruturas com outras características. Por este ou aquele motivo, porque hoje o clube não nos permite fazer o que entendemos que devíamos fazer, não nos envolvemos, não apoiamos, não disponibilizamos duas horas do nosso tempo durante a semana. É preciso que as pessoas se envolvam mais e o SCLM está aberto a toda a gente, dentro das orientações que a direcção traçar.
JL - Numa altura de crise como se gere um clube desta dimensão, com quase 400 atletas?
PR - É uma tarefa difícil de gestão diária do cêntimo.Tirando as quotizações dos sócios, o SCLM não tem fontes de receitas regulares e esse é um factor critico para o seu desenvolvimento. Ao não termos essas fontes de receita fixas, temos de trabalhar as fontes de receitas variáveis e recorrer ao apoio das entidades.
Felizmente , mesmo em tempo de alguma dificuldade, temos tido um apoio muito interessante e até surpreendente de algumas empresas. Tem sido uma ajuda preciosa e já nos permitiu pagar cerca de 20% das dividas que tínhamos.
JL - Em que pé está a relação com a Junta de Freguesia ?
PR - Nem sempre nos entendemos.Na base dos problemas esta a Aldeia do Desporto...É um projecto que nasceu torto, que esperamos que algum dia se endireite. Mais importante que dizer todos os dias que nasceu torto, é fazermos com que fique direito.O fundamental é encontrar as soluções e executá-las. Neste tempo de crise, em que é mais difícil solucionar os problemas- por falta de dinheiro ou porque os procedimentos são cada vez mais apertados- temos de ter a flexibilidade de deixar que outros façam por nós. Não tem nada de grave que outros substituam a intervenção das entidades públicas. É uma forma de colaboração que deve ser cada vez mais aproveitada. A Junta de Freguesia dos Marrazes é importante para o SCLM e gostaríamos que o SCLM também fosse importante para a Junta de Freguesia dos Marrazes.
JL - O relvado sintético no Parque de Jogos é mesmo para avançar ?
PR- A minha vontade é que já para o ano o Parque de Jogos tenha um relvado, não sei se sintético. Essa é a maior prioridade que temos. Não era, mas perante algumas dificuldades para enquadrar mais jovens, passou a ser o foco da nossa acção nos próximos meses. O Clube não se pode dar ao luxo de não ter capacidade de receber mais jovens. Precisamos de mais espaço e por isso temos que rapidamente caminhar nesse sentido.
JL- O futebol do SCLM tem uma rivalidade histórica com a União de Leiria. Durante muito tempo viveram de costas voltadas, agora parece que se aproximaram e até trocam jogadores...
PR- Esta rivalidade histórica é boa, quero mantê-la , mas apenas dentro do campo. Não faz sentido não haver cooperação entre clubes, pelo menos do mesmo concelho. Todos perdem quando todos podem ganhar. Não faria sentido vir assumir uma guerra que não beneficia ninguém.
JL - Houve tempos em que entre a União de Leiria e o Marrazes havia muito equilíbrio, depois deixou de haver. Agora o Marrazes aproxima-se novamente. Vai ser possível ombrear com a UDL nos escalões de formação ?
PR - São escolas de formação diferentes. A grande vantagem da UDL é ter a equipa sénior na Liga de futebol, mas acredito que podemos ser uma referência na formação, muito acima de qualquer clube do concelho, se conseguirmos melhorar um conjunto de outros factores que ainda não conseguimos, apesar de nesta época já termos dado um salto qualitativo importante.
JL - É objectivo ter todas as equipas da formação nos Nacionais ?
PR - Temos os Iniciados e os Juniores, faltam os Juvenis, que lideram a Divisão de Honra distrital e esse é o objectivo para esta temporada. Jogar nos campeonatos nacionais frente a equipas com outra visibilidade e nivel futebolístico, obriga-nos a fazer um bom trabalho na formação . Também nos permite fixar os jovens e constituir uma atracção para mais atletas.
JL - Também é objectivo que os Seniores do Marrazes cheguem aos campeonatos nacionais? É esse o lugar do SCLM ?
PR - Ainda não é, mas penso que dentro de pouco tempo poderemos encarar de forma séria a colocação da nossa equipa sénior nos nacionais. Falta desenvolver a tal infraestruturas que nos permite produzir um trabalho com mais qualidade, bem como manter a regularidade nas equipas técnicas. A este nível não há um clube que consiga ganhar mudando de treinador todos os anos . Queremos chegar aos nacionais com base em jogadores formados no clube e isso também não é fácil, porque nem sempre conseguimos criar condições e o envolvimento para que os atletas se fixem no clube depois de terminado o processo de formação. Não estou a falar de dinheiro. É por todas as condições de trabalho que se conseguem oferecer quando a competição só exige resultados.
JL - O fim do hóquei em patins no SCLM era uma medida inevitável ?
PR - O fim da equipa sénior de hóquei do Marrazes, sim. O clube tinha seniores, mas não tinha formação e isso não faz parte da nossa lógica. O processo deve ser precisamente ao contrario. Por outro lado não podemos ter uma equipa em que só 60% dessas despesas foram satisfeitas com recursos próprios da secção. Os outros 40% tiveram de vir de outro lado e ainda hoje há uma divida grande. Era impensável ter uma secção com este impacto económico e sem qualquer retaguarda que nos permitisse ter uma perspectiva de continuidade.
JL - Onde espera que o Marrazes esteja daqui a 25 anos quando comemorar o centenário ?
PR - Estes 75 anos serão provavelmente , o renascer da vida do Marrazes. Estas colectividades, enquanto existirem pessoas, enquanto existir a tal mística que as pessoas não conseguem explicar, o clube não vai morrer. E chegara aos 100 anos com mais força do que tem agora.
Jornal de Leiria, Edição de 1 / 12 / 2011