segunda-feira, maio 25, 2020

A subida à 1ª Divisão nacional, um marco na história do Caldas e também da cidade

No início da década de 1950 o Caldas fez uma aposta forte para levar a equipa à 1ª Divisão nacional, o que foi concretizado pela equipa de 1954/55. Um conjunto que tinha como uma das grandes referências António Pedro, fazia do seu espírito combativo e do poder ofensivo as suas principais armas. A presença na 1ª Divisão discutida em três jogos com o Boavista proporcionou um final de temporada épico, que levou milhares de caldenses a acompanhar a equipa no regresso a casa e nos festejos noite dentro na Praça da Fruta.
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“Após cerca de 40 anos de existência, o mais antigo clube desportivo da nossa cidade, excedendo-se a si próprio, enveredou por uma carreira ascencional e, fulgorantemente, atingiu o cume do futebol português”. Foi assim que Gazeta das Caldas abriu a sua edição de 28 de Junho de 1955, dois dias depois do Caldas garantir a subida à 1ª Divisão nacional.
Victor; Piteira e Fragateiro; António Pedro, Leandro e Romero; Orlando, Calicchio, Bispo, Marti e Anacleto. Estes foram os 11 heróis, de entre um grupo de quase 30 jogadores, que naquele dia 26 de Junho no Municipal de Coimbra derrotaram o Boavista e escreveram a página mais importante da história do clube.
Sob a presidência de Artur Capristano, o Caldas vinha num percurso ascendente. Na época 1950/51 chegou à 3ª Divisão, o que era atingido pelo desempenho no distrital na mesma temporada. Dois anos depois estava na 2ª e, após um 4º e um 8º lugares, era feita em 1954 uma aposta séria para levar o clube ao principal escalão do futebol português.
Após uma temporada 1953/54 algo decepcionante, foi contratado o treinador Mariano Amaro, internacional que se notabilizou como “um dos melhores jogadores portugueses”, dizia a página desportiva da Gazeta, ao serviço do Belenenses e que, enquanto treinador, trazia no currículo uma subida à 1ª Divisão. O técnico vinha com um salário de 4 mil escudos, suficientes para se deslocalizar de Lisboa.
 Além do técnico, chegaram ao clube os espanhóis Pavon e Pedro de la Vega, que se juntavam a Martí, e o argentino Romero. Já com o campeonato a decorrer, o avançado argentino Calicchio, com carreira nos campeonatos francês e italiano e passagem em clubes como Empoli, Sampdoria e Stade Rennais, juntou-se também às fileiras onde António Pedro era estrela maior e outros, como Anacleto, Amaro, Orlando, Bispo, Leandro, Fragateiro também brilhavam.
A temporada não se iniciou, contudo, da melhor forma. Ao fim de cinco jornadas na Zona Norte, com adversários como Salgueiros, Gil Vicente, Tirsense, Leixões, Sp. Espinho e o rival de sempre Torreense, o Caldas somava já três derrotas. Só a partir da 6ª ronda a equipa encarrilou numa série de 13 jogos com 11 vitórias, 2 empates e 45 golos marcados para chegar ao 1º lugar. As derrotas com o Leixões e o Torreense e o empate caseiro com o Vianense colocaram o apuramento para a 2ª fase em risco (apuravam-se os três primeiros que se juntavam os três melhores da zona sul), mas a 1ª fase terminava de forma categórica com quatro triunfos seguros e o 2º lugar na série, um ponto atrás do Torreense, o grande rival ao qual os caldenses não conseguiram vencer em toda a época.
 Na segunda fase, os caldenses voltaram a discutir com a equipa de Torres Vedras o 1º lugar, que fugiu após a derrota no Campo da Mata, por 2-3. Novo desaire na penúltima jornada colocou em risco também o 2º lugar, que discutia com o Oriental, mas os caldenses responderam de forma categórica ao vencer o Estoril por 7-2, com Calicchio e Anacleto a bisarem.
 O Boavista, penúltimo da 1ª Divisão, estava agora entre o Caldas e o sonho de subir ao topo do futebol português. Após empates no Porto (2-2) e na Mata (1-1), o Caldas foi muito superior em Coimbra. O bis de Calicchio e o golo de Manuel Anacleto na primeira meia-hora inclinaram o jogo a favor dos caldenses. Os axadrezados ainda reduziram por Amadeu, antes do intervalo, mas Orlando fixou o resultado final na etapa complementar.
 O Caldas estava na 1ª Divisão nacional, onde ficou por quatro temporadas, com um 10º lugar como melhor classificação.

Joel Ribeiro - Gazeta das Caldas

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