quarta-feira, maio 29, 2019

Beneditense alega ter havido ‘jogo da mala’ e pede justiça

Há muito tempo que no futebol português se fala no ‘jogo da mala’. Nada mais é que uma designação para se referir a um ‘esquema’ em que um clube ou agente desportivo recebe, aceita ou solicita uma contrapartida que não lhe é devida para vencer um jogo. Esquema esse que actualmente é punido com uma sanção semelhante ao do crime de corrupção activa. Pois bem, também no futebol distrital de Leiria o ‘jogo da mala’ passou a ser um tema em cima da mesa, isto porque o Beneditense alega ter provas de que houve ‘jogo da mala’ para que o emblema da Benedita descesse de divisão.
Nesse sentido, o Beneditense enviou à Associação de Futebol de Leiria (AFL) um documento onde aponta os nomes dos agentes desportivos e os clubes envolvidos neste esquema, tendo aquele organismo aberto um processo de averiguação ao próprio Beneditense, ao CCR Alqueidão da Serra, à AD Portomosense e à UR Mirense, clubes directa ou indirectamente envolvidos na luta pela descida na Divisão de Honra na presente temporada.
“Não tomámos esta medida pelo facto do Beneditense ter descido de divisão. Fazemos isto pela verdade desportiva”, ressalvou o presidente do Beneditense, Luís Lopes, acrescentando que tomou conhecimento de “determinadas coisas” que são “muito graves”.
“Estou a falar do ‘jogo da mala’. Andaram a oferecer dinheiro. Tenho os nomes e os clubes, e enviei essa informação à AFL e, por isso mesmo, não me vou alongar em comentários. O processo está a decorrer e agora vamos aguardar pela investigação”, explicou Luís Lopes sem querer personalizar, adiantando ainda que o que se passou no jogo entre o Mirense e o Portomosense foi “tudo muito estranho”.
O presidente do Beneditense vai ainda mais longe garantindo que, caso a AFL não tome uma decisão favorável às cores canarinhas, vai remeter o assunto para o Ministério Público e irá ponderar mudar de associação de futebol. “Se a AFL não fizer nada não sei o que poderá acontecer. Se tivermos condições podemos vir a mudar para Santarém ou Coimbra. Veremos”, concluiu.
Recorde-se que o Beneditense acabou por descer de divisão na última jornada quando dependi apenas de si próprio, ou seja, bastava vencer para ter a certeza de que conseguiria a manutenção, ‘condenando’ o Mirense. Contudo, o conjunto orientado por Catarina Lopes, filha do presidente do clube, perdeu por 1-0 em Alqueidão da Serra, mas, ainda assim, poderia ‘salvar-se’ caso o Mirense também perdesse frente ao Portomosense, algo que não veio a acontecer (3-3), num jogo em que o Portomosense esteve a vencer por 3-0, mas deixou-se empatar nos instantes finais.

UR Mirense fala em “palhaçada” e condena acusações
Confrontado com o processo de averiguações de que está a ser alvo, o presidente do Mirense diz que tudo isto não passa de “uma palhaçada”. “O Mirense está completamente à-vontade nesta matéria. É uma vergonha para o futebol distrital aquilo que estão a fazer. É lamentável que alguém possa pensar que o Mirense possa enveredar por esses esquemas. Estamos de consciência tranquila”, disse António Lima.
“Só quem tem uma mente muito porca pode pensar numa coisa dessas. Essas pessoas [do Beneditense] não merecem respeito. No início até achei graça à situação, mas já estou a perder a paciência. Estão a mexer com a nossa integridade. Fico muito triste com tudo isto”, desabafou o presidente do Mirense.
E acrescenta: “O Mirense tem 80 anos de história e esta direcção tem pautado pela honestidade e rigor financeiro. É fácil perceber que estamos onde estamos por mérito próprio. Se o Mirense descesse de divisão descia. Temos um projecto de futuro e não dependemos de um resultado”.
António Lima convida ainda o seu homólogo do Beneditense a assistir à gravação do jogo do Mirense na última jornada para tirar dúvidas. “Os nossos jogos são gravados e convido o presidente [do Beneditense] a ver o jogo antes de dizer asneiras. Estamos a falar de um dérbi do concelho de Porto de Mós [Mirense-Portomosense] com uma grande rivalidade. É impensável que alguém possa facilitar e é só ver a forma como os jogadores e os adeptos do Portomosense festejaram os golos para vermos isso. Tivemos a perder por 3-0, mas depois de termos marcado um golo algo fortuito a equipa acreditou que era possível e fez-se justiça ‘divina’ com o empate no final. O futebol é isto e já tivemos muitos casos idênticos”, explicou.
O presidente do Mirense deixou ainda uma farpa ao rival da Benedita. “Se tivessem feito o que lhes competia, que era ganhar o seu jogo, não estaríamos aqui a falar. Eles só dependiam de si próprios e não foram competentes. De certeza que a culpa não foi do Mirense”, concluiu.|

Texto: José Roque - Diário de Leiria
Foto: Pedro Sousa

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