Em entrevista ao JORNAL DE LEIRIA, o líder da SAD da União de Leiria admite estar de saída. Diz ainda que o acordo com os novos investidores está prestes a ser assinado.
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Como viu a atitude dos jogadores da equipa sénior diante do Torreense, quando pararam o jogo durante 30 segundos em protesto pelos salários em atraso?
Foi o pior que aconteceu na minha história em Leiria, porque me apercebi que os jogadores são influenciados por pessoas de fora. É devastador, quando te portas com todos como se fossemos uma família e depois recebes isto de volta. Sempre dialogámos com os futebolistas e, inclusive, na última semana, encontrámo-nos duas vezes, a última das quais na véspera do jogo. Estavam a par do que se passava. Independentemente da situação, sempre tive a porta aberta e disponibilizei-me para ajudar. Quem precisa fala comigo. Funciona assim. Infelizmente, neste caso, o Sindicato, que da nossa equipa só uma pequena minoria são associados, conseguiu dar vida a um acto deste género.
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Está a dizer que foi o Sindicato dos Jogadores que teve a iniciativa do protesto?
É um facto. Um jogador transmitiu-nos que foi o Sindicato que tomou esta decisão. Os jogadores não têm três meses de salário em atraso e a maioria deles tem menos de dois meses e meio, porque têm recebido partes de salário. Mas a falsa informação de que se trata de uma dívida de três meses já era conhecida pelo comentador do canal 11, pelo adversário e pelo árbitro. Só nós é que não sabíamos. Quem precisa de um Sindicato destes? Quem, neste caso, defenderam? Imagine que agora declaro bancarrota e até tenho n motivos para tal. Quem ganha com isso? Mas o Sindicato mostrou que trabalha, que se preocupa e fez uma grande publicidade. Depois, vieram ao nosso treino e disseram aos nossos jogadores para se fazerem sócios.
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Ficou magoado com os jogadores?
Posso compreendê-los, porque são jovens. Não perceberam o que estavam a fazer, mas penso que agora já percebem. De qualquer maneira, deixou uma marca. O Sindicato não necessitou de esperar três meses para actuar, porque precisavam de um clube que faça muito barulho. Sabemos que nos 72 clubes do Campeonato de Portugal, mais cedo ou mais tarde, todos têm dificuldade, porque é uma competição onde só se gasta. Não tem retorno. Não quero dizer nomes, mas conhecemos dez casos com problemas, alguns deles bem maiores do que os nossos. Mas vieram bater à porta da União de Leiria.
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No último jogo em casa, com o Torreense, os adeptos provocaram um incêndio com as tochas. Acha que houve algum motivo ou foi acidental?
Um adepto do clube não tem o direito de fazer o que fez no último jogo em casa. Ele não gosta do clube, gosta é de fazer desordem. E nesses casos tem de ser a força de autoridade a agir, porque eles incendiaram o que incendiaram, mas a SAD é que vai pagar e isso aconteceu à frente da polícia. Não compreendemos a atitude dos adeptos tendo em conta tudo o que fizemos no sentido de os ajudar, de lhes mostrar que são importantes, talvez este ano menos por todos estes motivos. Mas posso dizer que a claque está ao nível de uma distrital e penso que eles querem acompanhar a equipa nesse escalão. E também me influenciaram na tomada de decisão que tenho de tomar. Compreendo que no futebol há sempre crítica e qualquer pessoa tem de estar pronta a lidar com ela, mas estou em Leiria há cinco anos, os melhores resultados que os juniores mostraram foi neste período. Não se lembram os adeptos e a Direcção do clube também não, porque depois de uma situação muito complicada, em que por pouco não subimos de divisão, tiram-te uma parte do projecto que desde sempre foi muito importante, para os investidores também. E depois, quando vês os resultados, não percebes porquê.
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Sente-se injustiçado?
As pessoas não se lembram que no primeiro ano, em 2015/16, estivemos a lutar pela subida de divisão até à última jornada. Infelizmente, verificou-se o acontecimento mais sonante de Maio de 2016 em Portugal, quando o presidente da SAD da União de Leiria foi chamado líder da máfia russa em toda a Europa. E isto não são palavras de jornalistas. Estava escrito num documento que a polícia me foi levar a casa. Continuo a não entender para quem compuseram aquele cenário, em quem se inspiraram e com que objectivo, a verdade é que fomos prejudicados desportivamente. As pessoas também não se lembram que em 2016/17, depois de termos constituído o plantel a partir da prisão e quando estávamos a pensar onde encontrar dinheiro para poder dar início aos trabalhos, mesmo assim perdemos o playoff na última jornada e todos sabem como e todos vêem onde se encontram hoje o Operário e o Carapinheirense. Mas a FPF quer lá saber disso para alguma coisa. Leiria também é Portugal, tem um estádio que é óbvio que pode ser uma mais-valia para a 1.ª Liga portuguesa. E assim foi mais um ano para o lixo. Mesmo assim não desistimos, decidimos continuar. Em 2017/18 chegámos outra vez ao playoff e mesmo tendo aberto um processo no tribunal, conseguimos fazer uma boa equipa, bater recordes de imbatibilidade e chegámos ao jogo decisivo com o Mafra à frente de 15 mil pessoas e quem viu o jogo com atenção percebeu o que se passou. Outra vez surge a pergunta: não querem a União de Leiria em geral, ou o problema é outro?
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O que acha?
Não quero acreditar que o problema seja eu. Sou um cidadão do mundo. Mas tudo continua em 2018/19. Muito mau trabalho da SAD, assim escreveu a imprensa. Na realidade, gostava que alguém me explicasse o que aconteceu. Foi um caso único no futebol mundial, sem qualquer dúvida. Na nossa percepção, iríamos ter 20 mil pessoas no estádio. No mínimo, isso significa um golo, mas jogámos à porta fechada. Depois, fomos jogar com o Vilafranquense fora e num estádio onde podem caber 2.500 espectadores, nós, como visitante, podemos ter 10% dos lugares. Mas o Vilafranquense, com conhecimento da FPF, decide baixar para mil argumentado ser um jogo de alto risco para só nos darem cem. Apesar de tudo isso, o estádio enche mais do que a capacidade normal. Como é que o Vilafranquense é punido? Multa e dois jogos à porta fechada na 2.ª Liga, quando jogam em Rio Maior.
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Não acredita em consequências.
Uma pessoa com capacidade de análise, percebe o que aconteceu à União de Leiria nestes quatro anos e por que razão não está onde deveria estar.
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Em que situação está a SAD neste momento?
Estamos numa situação muito complicada. Esperamos que tudo se resolva com a maior brevidade com a entrada do novo investidor e temos todos os dados na mão. Acredito que se tudo se resolver rapidamente, nesta época a União de Leiria pode brigar pela subida de divisão.
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Está na hora de dizer basta?
Não é segredo que no playoff da época passada tivemos dois jogos à porta fechada por decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). A partir daquele momento comecei a procurar novos investidores, mas não é fácil, porque as pessoas metem no Google e lá só aparece merda. “Portas fechadas no playoff”, “presidente preso” e “máfia”. Não corresponde à verdade, toda a gente sabe, mas quando um investidor está a informar-se fica de pé atrás com o que se diz destes cinco anos e do tempo de João Bartolomeu. De qualquer maneira, em Setembro, encontrámos pessoas interessadas. Começámos a negociar, só que essa negociação prolongou-se demasiado.
Jornal de Leiria
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